Morando na América

Cerca de 82% de toda a população da América do Sul se encontra concentrada nas cidades (zona urbana) graças ao êxodo rural ocorrido especialmente nas últimas décadas. Ainda hoje (dados de 2005), o crescimento da população urbana, que é por volta de 2,0% ao ano em média para toda a América do Sul, é maior que o crescimento total da população, por volta de 1,43% ao ano, resultando em queda anual de 1,35% da população rural (dados expressos em porcentagem da população base). Isso significa que, a cada ano, aproximadamente 2,0 milhões de sul-americanos deixam suas casas no campo em busca de melhores oportunidades nas cidades. Parte da população das cidades menores também costuma migrar para as grandes cidades, onde se espera que sejam maiores as oportunidades de empregos. Outros, mais aventureiros, migram ainda para países desenvolvidos, como os Estados Unidos. 

     O êxodo rural é resultado do processo de mecanização no campo, concentração da posse da terra em latifúndios, falta de oportunidades de trabalho e expectativa de uma vida menos dura nas cidades. O resultado disso é que as cidades incham rapidamente. É surpreendente ver como as favelas surgem da noite para o dia nas grandes metrópoles sul-americanas, como, por exemplo, na cidade de São Paulo, no Brasil. Obviamente que os resultados do rápido crescimento também se revelam nas pobres condições básicas de saneamento. Por exemplo, neste subcontinente, 10% da população não tem acesso à água tratada e 21,5% não tem acesso à rede de esgoto. Em números absolutos, isto representa que 37,5 milhões de sul-americanos não possuem acesso a água tratada e 82,2 milhões não possuem acesso a esgoto. Além da falta de infraestrutura básica, existem outros aspectos resultantes do processo de “favelização”, como a perda do vínculo familiar, aumento dos índices de violência, uso e tráfico de drogas e etc... 

     Também vale a pena observar o que acontece do outro lado da moeda do êxodo, ou seja, o que acontece no campo. A perda de recursos humanos do campo não é necessariamente equilibrada. Embora se observe às vezes que famílias inteiras migrem, o mais comum é que jovens e homens adultos o façam, ou seja, quem parte é justamente o braço forte que faltava no campo. Esses homens deixam suas numerosas famílias no campo e migram para os grandes centros com a intenção de enviar-lhes recursos. Entretanto, pelos mais diversos motivos, acabam perdendo contato com os familiares, deixando para trás somente as mulheres, as crianças pequenas e os velhos. Isso ajuda a explicar a existência de alguns bolsões de pobreza que se observam neste subcontinente, agravados por outros fatores, como as secas, por exemplo.



Cidade de Castro, Ilha Grande de Chiloé, Chile (2008).

Palafitas multicoloridas. Muitos moradores da cidade de Castro, no Chile, preferem viver em palafitas construídas sobre os lagos da cidade. Atualmente as paredes das casas são construídas em tábuas longas pintadas em cores vivas.







Puerto Tranquilo, Patagônia, Chile (2008).

“Êxodo rural”. Moradia rural abandonada. A arquitetura das construções desta região é bastante diferente da arquitetura espanhola, tradicionalmente composta por colunas e arcos de adobe. Aqui, os primeiros colonizadores preferiram usar pequenas tábuas de madeira para as paredes de suas construções. Até mesmo as igrejas são construídas assim.





Rio Amazonas, Proximidades da Ilha de Marajó, Estado do Pará, Brasil (2006). 


Casa ribeirinha 1. Espremido entre a mata e o rio, o caboclo ribeirinho constrói sua casa sobre estacas. Quase não pisam em terra firme, uma vez que a mata facilmente se transforma em alagado. 






Rio Amazonas, Proximidades da Ilha de Marajó, Estado do Pará, Brasil (2006). 

Casa ribeirinha 2. Muitos caboclos tiram o sustento da caça, pesca, coleta de frutos, especialmente o açaí, mas principalmente da extração de madeira. É muito comum encontrar as madeireiras e tábuas cuidadosamente empilhadas nas margens dos rios.  






Jalapão, Estado de Goiás, Região do Cerrado, Brasil (2006). 

Palhoça. Típica casa encontrada na região dos cerrados. Foi constuída em tijolos de barro crú e telhado em folhas de buriti.   







Pozo Colorado, Província de Jujuy, norte da Argentina (2009).

“Hora do almoço”. Senhora e seu marido vivem da venda do queijo, carne e lã, produzidos por 70 cabras e ovelhas que criam na Puna (planícies dos altiplanos) durante o verão e nos Cerros (encosta dos montes) durante o inverno. Levam uma vida semi-nômade em busca de pastagens em uma terra ressequida, da qual nem possuem o título de posse.











La Paz, Bolívia (2009).

“Amontoados”. La Paz é a capital mais elevada do mundo, a 3.577 metros de altitude, sendo que as partes mais elevadas chegam a 4.000 metros. A cidade foi construída dentro de um cânion, onde as áreas baixas e mais protegidas do vento são as mais valorizadas da cidade. Já os pobres vivem amontoados nas partes altas.






Isla Flotante de Uros, Puno, Lago Titicaca, Peru (2009).

Senhor cozinha à moda antiga. Antigamente, as pessoas viviam nessas ilhas flutuantes para aproveitarem os recursos naturais do lago, bem como em virtude do clima mais ameno, dada a capacidade da água em manter a temperatura ambiente mais estável. Atualmente, a maioria das pessoas vive nas ilhas flutuantes por causa do turismo. Mesmo assim, as condições de vida não mudaram muito desde então. Este lago possui, aproximadamente, 40 ilhas flutuantes, 2.000 habitantes e 4 escolas para as crianças.



Isla Flotante de Uros, Puno, Lago Titicaca, Peru (2009).

Interior de uma casa típica. Os moradores de Uros vivem em ilhas flutuantes feitas das raízes de uma planta local chamada Totora. As casas atuais dos moradores dessas ilhas flutuantes são um pouco mais modernas do que esta, especialmente com relação ao telhado. Entretanto, até bem pouco tempo atrás, se poderia ver pessoas morando em casas até mais rústicas do que essa.



Isla Flotante de Uros, Puno, Lago Titicaca, Peru (2009).

Barco de Totora. Os barcos feitos da Totora, uma planta nativa da região, possuem um formato muito característico do povo Uros. Alguns são ornamentados com caras de animais, feitos da própria Totora.






Atuncalla, Margens do Lago Titicaca, Peru (2009).

Casa de pedras. Senhora prepara o almoço em uma típica casa desta região do Peru. Neste local, a casa se constitui não só de um único bloco, e sim de vários pequenos cômodos separados – dormitório, cozinha e despensa – ao redor de um terreiro.





Caacupé, Paraguai (2009).

Longe de casa. Saindo de seus vilarejos, famílias inteiras, inclusive crianças e velhos, viajam para as cidades maiores para vender artesanatos indígenas. Durante este período de trânsito vivem ao relento, dormindo na praça da cidade.







Seringal da Cachoeira, Xapurí, Acre, Norte do Brasil (2009).

“Decoração personalizada”. É costume dos povos amazônicos “decorarem” suas casas com utensílios domésticos. O zelo da dona da casa desta família de seringueiros e coletores de castanha do Brasil é de causar inveja a qualquer morador das grandes cidades.




São Carlos, Rondônia, Norte do Brasil (2009).

“Estacionamento amazônico”. Os barcos são o principal meio de transporte dos povos amazônicos.