Envelhecer na América

     Semelhantemente à América Central, Ásia e Oriente Médio, a América do Sul teve grandes incrementos no tempo de expectativa de vida ao nascimento de sua população nos últimos 50 anos. Esta, que se situava por volta de 55 anos em 1950, saltou para 72 anos no ano 2000, ou seja, um aumento de 17 anos na expectativa de vida nos últimos 50 anos. Esta taxa de incremento foi bem superior àquela obtida pelos Estados Unidos, Europa e Oceania, uma vez que estas regiões desenvolvidas já haviam experimentado os grandes incrementos neste indicador bem anteriormente, ainda no início do século passado. O incremento também foi muito superior àquele alcançado pela Rússia e África, especialmente a região sub-saariana. A Rússia apresentou decréscimos na expectativa de vida após o colapso da União Soviética, especialmente dos indivíduos do sexo masculino, por abuso de álcool e outras drogas. No caso da África, a AIDS foi o maior responsável pelo decréscimo.

     Como em outras partes do globo que experimentaram o mesmo, o aumento no tempo de expectativa de vida ao nascimento na América do Sul se deu em virtude de melhorias em vários indicadores sociais, tais como diminuição da subnutrição e da taxa de mortalidade infantil, aumento ao acesso à água tratada e à rede sanitária, bem como a auxílio médico-hospitalar. Estas melhorias ocorreram especialmente nos grande centros urbanos, sendo que boa parte da população rural ainda não possui acesso a esses benefícios. Entretanto, é natural que a população rural, mais dispersa, seja menos suscetível a epidemias, por exemplo, que a população urbana.

     Diferentemente do observado em países desenvolvidos, o aumento do tempo de expectativa de vida neste subcontinente não foi acompanhado de melhoria no sistema previdenciário social. O resultado disso é que os sul-americanos devem trabalhar até idades avançadas para garantir seu sustento e de suas famílias. Por isso, não é incomum encontrar idosos trabalhando em obras, em feiras-livres, na produção de artesanatos, na lavoura e etc... Neste sentido, a América do Sul se encontra bastante atrasada quando comparada aos países desenvolvidos...

     O Uruguai, espremido entre o Brasil e a Argentina, é um pequeno país que já foi chamado de “a Dinamarca da América do Sul”, devido à sua grande capacidade produtiva no início do século passado. Este país instituiu um sistema de seguro social bastante amplo, tendo como base a facilitação dos cidadãos ao direito a pensões. O resultado disso é que o Uruguai tem apresentado, ao longo dos anos, sérios problemas para manter o equilíbrio dos gastos públicos, sobrecarregando a classe trabalhadora com enormes impostos, inflação, desemprego e, obviamente, crises.

     É bem verdade que o problema de envelhecimento da sociedade, e o conseqüente aumento dos gastos públicos, tem assolado praticamente todos os países do planeta. Entretanto, aqueles mais pobres e com menores reservas financeiras parecem ter menos flexibilidade para enfrentá-lo. Portanto, o retrato atual é que a América do Sul tem apresentado acentuado envelhecimento da sua população, embora uma parcela considerável dos idosos não apresente acesso a pensões. A criação de sistemas de seguro social que beneficiem o cidadão tem apresentado grandes dificuldades de sustentação, uma vez que tem por base a distribuição de riquezas, antes que a sua criação.



Carrancas, Estado de Minas Gerais, Brasil (2007).

“Curtindo a vida no campo”. Filho de escrava negra, senhor é “agregado” da fazenda onde vive. Sua mãe permaneceu prestando serviços na propriedade mesmo após a abolição da escravatura. Ser agregado de uma fazenda significa que não tem registro empregatício ou salário fixo. Descansa com o varão nas mãos depois de chegar com uma carga de lenha transportada por carro de boi.











Cunha, Estado de São Paulo, Brasil (2007).

Jogando malha. Um passa-tempo tradicional entre as pessoas de mais idade é o jogo de malha, onde o objetivo é acertar um pino de madeira, colocado à certa distância, com um pesado disco de aço. A diversão tem dia e hora marcados.













Estado de Minas Gerais, Brasil (2007). 

“Curtindo a vida fazendo malabaris”. Senhora carrega embrulho na cabeça, como é de costume em sua região.  















São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil (2008). 

“Curtindo a vida pitando”. Atualmente admite-se que as aldeias indígenas estejam razoavelmente bem assistidas pelos órgãos governamentais, especialmente nas regiões mais desenvolvidas do Brasil, sendo que pelo menos a fome está banida nessas comunidades. O quadro atual parece ser bem diferente do que se via há 20-30 anos. Também, muitas etnias têm asseguradas extensas reservas de terra. Entretanto, muitos indígenas podem ser vistos comercializando os artesanatos que produzem (colares, pulseiras, brincos, armas de caça) com o objetivo de complementar os proventos familiares. 



São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil (2008). 

“Mantendo as tradições”. Muitas tradições folclóricas quase se foram e várias realmente se extinguiram por toda a América do Sul. Atualmente se observa um maior estímulo para a preservação da diversificada tradição folclórica sulamericana. Senhor segue cumprindo seu importante papel.     












Mercado de Chinchero, Cuzco, Peru (2007).

“Curtindo a vida fazendo tricô”. Vestido em trajes tradicionais andinos, senhor confecciona um gorro multicolorido tricotado em finos pontos. É incrível como mantém o controle dos pontos coloridos sem mesmo olhar para o gorro enquanto tricota.  















Cuzco, Província de Cuzco, Peru (2007). 

“Curtindo a vida cantando”. Para “ganhar a vida”, músico cego toca seu instrumento nas estreitas vielas da turística cidade de Cuzco.
















Cuzco, Província de Cuzco, Peru (2007). 

“Curtindo a vida fazendo tecelagem”. Enquanto produz fios de lã, a senhora aceita tirar fotos com turistas em troca de algumas moedas. 














Ollantaytambo, Província de Cuzco, Peru (2007). 

“Pensando na vida”. Os cabelhos brancos e a face sulcada são testemunhas da mudança dos tempos pela qual passou esta senhora. 
















Ollantaytambo, Província de Cuzco, Peru (2007). 

“Curtindo a vida fazendo jardinagem”. Com o típico chapéu comprido usado nos Andes, senhora espera para ir à missa carregando um “bouquet” de flores silvestres.  













Tilcara, Província de Jujuy, norte da Argentina (2009).

Florindo o passado. Senhora se prepara para passar o dia vendendo flores em frente ao pequeno mercado municipal. As flores fazem parte da vida dos povos andinos e, em Tilcara, pequena cidade histórica incrustada nos contrafortes dos Andes, a 2.461 metros de altitude, os costumes não são diferentes.