Flora

     A vegetação da América do Sul é bastante variada, sendo representada pela floresta tropical úmida, cerrado, floresta temperada, pradaria, estepe e desertos. Apesar da grande diversidade de ecossistemas deste subcontinente, chama a atenção do mundo suas áreas de floresta, especialmente pela sua importância em manter o clima do planeta e também pela riqueza em biodiversidade. Somente a floresta amazônica ocupa 5% de toda a superfície de terra firme do globo terrestre, mais de 50% de toda a área de florestas tropicais do planeta, 50% da área total da América do Sul, se esparramando por nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

     Sem dúvida alguma, a América Latina é o principal foco do olhar do mundo, quando o assunto é florestas tropicais. Não existe dúvida da importância desta floresta para o subcontinente sul-americano, mas é preciso ter em mente que nem sempre a floresta esteve onde está hoje. Mudanças climáticas ocorridas em tempos passados levaram a expansão ou retração de sua área. No último um milhão de anos, ocorreram pelo menos 10 glaciações, caracterizadas por esfriamento do planeta. Os períodos glaciários eram intercedidos por períodos de aquecimento, chamados de períodos interglaciários.

     Para entender a botânica da América do Sul vamos nos ater a um período bem recente, ou seja, os últimos 20.000 anos. As mudanças climáticas parecem ter sido responsáveis por forte mudança da vegetação durante a última glaciação, ocorrida entre 20.000 e 13.000 anos atrás. O avanço das geleiras, causado pelo resfriamento, para muito além das calotas polares, fez com que grande quantidade de água se acumulasse sobre os continentes, resultando em rebaixamento do nível dos oceanos em até 150 metros. Embora a área intertropical, local onde se encontrava e ainda se encontra a América do Sul, estivesse livre do acúmulo de gelo, o rebaixamento do nível dos oceanos resultou em fortes secas. Neste momento, a falta de umidade fez com que florestas se transformassem em cerrados, cerrados se transformassem em estepes e estepes se transformassem em desertos. As florestas que conseguiram permanecer, em virtude de uma maior disponibilidade de água local, ficaram isoladas em pequenas áreas, sendo rodeadas por extensões de savana ou cerrado, com cobertura vegetal rasteira e árvores esparsas. O mosaico de florestas remanescentes permitiu o isolamento e forte diversificação das espécies vegetais ou animais ali contidas.

     Com o estabelecimento do período interglaciário (8.000 a 3.000 anos atrás), o aquecimento do planeta causou derretimento do gelo e conseqüente elevação do nível dos oceanos. O resultado disto foi uma mudança radical no clima, especialmente nos índices pluviométricos. A grande disponibilidade de água permitiu, nesse período, que quase a totalidade do subcontinente fosse coberta por florestas densas e fechadas.

     Mais recentemente ainda, o clima se aproximou do atual, ou seja, intermediário entre os extremos aqui descritos, permitindo o restabelecimento das áreas de savanas, estepes e desertos, mas mantendo grande parte da área coberta por florestas.




Parque Nacional Tierra del Fuego, Ushuaia, Provincia de Tierra del Fuego, Patagônia Argentina (2008).

















Parque Nacional Los Glaciares, El Calafate, Patagônia Argentina (2008).

Floresta de Lengas. Ao caminhar por estas florestas percebe-se a grande quantidade de troncos caídos. A sensação é de que as árvores parecem estar morrendo rapidamente. Entretanto, diferentemente de uma floresta tropical, o apodrecimento do tronco é muito mais lento, devido à baixa atividade de microorganismos que fazem essa tarefa, fato que ocorre em função das baixas temperaturas aqui encontradas.


Coronel J. Solá, Região do Chaco, Província de Formosa, norte da Argentina (2009).

Palo Borracho ou Yuchán. Esta espécie de árvore é encontrada exclusivamente nesta região. Sua barriga não é a única curiosidade sobre ela. Os moradores locais costumam construir pequenas “capelas” no ventre de seu tronco, para devoção a alguns “santos de casa”, onde fazem e pagam promessas. Um de seus “santos” é Gauchito Gil, para quem enfeitam o local com bandeiras vermelhas e oferecem cigarros e acendem velas. A outra venerada é Defunta Correa, que, segundo a crença, morreu de sede e por isso lhe oferecem garrafas d’água.







Puno, Margens do Lago Titicaca, Peru (2009).

Feixes de Totora. A Totora é uma planta que cresce nos lagos andinos, especialmente no Titicaca. Possui vários usos, como a construção das ilhas flutuantes, casas e barcos, bem como a produção de fogo. Também é utilizada como alimento para os animais e até mesmo para o homem e, por este motivo, é conhecida como “Banana do Titicaca”.




Isla Pescado, Salar de Uyuni, Uyuni, Departamento de Potosí, Bolívia (2009).

Cacto (Cactus corales). Esses cactos crescem a taxa de um centímetro por ano. Portanto, um cacto que tenha 12 metros de altura, como muitos encontrados nessa região, estima-se que possua 1.200 anos de idade.







Porto Velho, capital do estado de Rondônia, norte do Brasil (2009).

Boi verde, árvore tombada. O estado de Rondônia, em pleno “arco do desmatamento” da região amazônica, possui pelo menos 45% de sua área completamente desmatada. Soja e gado invadem extensas áreas de florestas. Após o desmatamento, as castanheiras, que são proibidas de serem abatidas, logo morrem em função da falta de proteção dos ventos, queda de raios e etc. Se assemelham a monumentos artísticos em homenagem à estupidez.









Porto Velho, capital do estado de Rondônia, norte do Brasil (2009).

Pupunha (Guilielma gasipaes). A pupunheira é uma palmeira de ampla distribuição na Amazônia e outras regiões da América equatorial. Além do fruto, que pode ser consumido cozido ou como farinha, a pupunheira ainda produz o palmito e até remédio para vermes. De seu tronco se produz madeira e das folhas, cobertura para as casas.




Porto Velho, capital do estado de Rondônia, norte do Brasil (2009).

Frutos da floresta. Viajar pela floresta Amazônica é uma odisséia aos sentidos humanos, dado à intensidade das cores e ao exotismo de aromas e sabores dos mais diferentes frutos da floresta equatorial.