Introdução

     Desde seu descobrimento, o Novo Mundo tem gerado fascínio nos outros povos, especialmente os europeus. Mesmo completando mais de 500 anos de descobrimento, esse fascínio parece ainda perdurar e se deve, especialmente, ao exotismo das culturas aqui encontradas, à beleza dos lugares, à possibilidade de novas oportunidades de negócios e empregos, bem como de outros interesses menos nobres. Talvez o Sul-americano, devido à correria do seu dia a dia, não perceba, mas o fato é que a América do Sul tem sido um importante porto, onde desembarcam, todos os anos, milhares de turistas de todos os cantos do mundo. O que eles vêm ver aqui, muitas vezes, não está ao alcance do próprio cidadão local. Outras vezes está ao nosso alcance, mas nos passa despercebido. Talvez nossos olhos, acostumados com esse ambiente, estejam cegos para perceber as características do nosso Continente. Sem dúvida que existem características de beleza e exotismo, mas também características indesejáveis e, muitas vezes, não aceitas em qualquer outra parte do mundo civilizado, tais como pobreza, desigualdade social, descaso de autoridades, corrupção, violência e etc... Enquanto que para um Sul-americano é extremamente normal encontrar uma favela ao lado de um condomínio de luxo, para um europeu isso se torna inaceitável. “Como tamanha desigualdade pode conviver pacificamente ou, pelo menos, em ausência de guerra civil?” Após algumas viagens a trabalho para fora do Continente e também com a ajuda de alguns amigos estrangeiros que estiveram por aqui, começamos a prestar mais atenção ao olhar a América do Sul.

     Uma dificuldade que enfrentamos durante a preparação do site foi como dividir as diversas páginas. À primeira instância pareceria mais lógico, dividi-lo em função do países, ou seja, das linhas geográficas imaginárias. Ao ver as fotografias e ler as notas, o leitor pode se perguntar aonde querem chegar os fotógrafos. É importante ter consciência que nós, fotógrafos, não queremos chegar a lugar nenhum. Queremos apenas descrever como são as coisas, tomando o máximo cuidado de não distorcer a informação, de forma que possa ser usada para sustentar nossas convicções.

     O objetivo deste site não é fazer um retrato fiel de toda a América do Sul, coisa que seria de grande presunção e uma tarefa infindável. Até mesmo porque a história e imagens das grandes cidades sul-americanas e os costumes já globalizados de seu povo estão ao alcance de todos, seja pela televisão ou pela “internet”. O real objetivo é apresentar o outro lado destes países e destes povos, aquele lado rural, escondido, que vive quase alheio à modernização, lado este que, para a maioria dos leitores, seria de muito difícil acesso ou até mesmo impossível.

     A idéia é de apenas contribuir com a sua descrição, ao lançar o olhar de dois cidadãos comuns ao seu redor. É de mostrar o pouco mostrado ou desconhecido. Essa tarefa é um pouco mais fácil de executar quando há curiosidade para conhecer o novo e disponibilidade para viajar, mesmo que isso exija disciplina e compromisso com esse propósito. Exige também, essa tarefa, ser um pouco despojado do conforto do dia a dia e ter vontade de enfrentar novos desafios e ultrapassar seus próprios limites. Mas, antes de qualquer coisa, exige uma certa dose de “cara-de-pau” para ter coragem de mostrar seu trabalho, essencialmente amador, às outras pessoas. Por isso, o “leitor” não deve esperar encontrar arte fotográfica neste ensaio, mas apenas a arte contida na beleza natural do milagre da vida e a arte contida na simplicidade única das pessoas fotografadas.

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